segunda-feira, janeiro 17, 2011

Jackson do Pandeiro

Jackson do Pandeiro, o mais importante ritmista brasileiro, em todos os tempos, tem despertado mais comentários e idolatria que audição e estudos, desde seu último disco, “Isso É Que É Forró”, lançado em 1981. Falecido em 10 de julho de 1982, José Gomes Filho, o rei do ritmo, o gênio de Alagoa Grande, na Paraíba, um dos pilares da música popular brasileira da década de 1950 para cá, ainda tem sua rica e vasta obra restrita às lembranças nostálgicas de quem vivenciou seu período áureo ou esquecida em empoeiradas prateleiras de solitários e escassos colecionadores. Mais ou menos, aliás. Há coisa de uns 10 anos, a curiosidade em torno do músico e sua vasta e consistente obra vem ganhando contornos de perpetuação.
Silvério Pessoa, Lenine, Bastianas, Cabruera, Maíra Barros, Cascabulho, Jarbas Mariz, Chico César, Beto Brito, entre outros bambas da nova geração de talentos sonoros, têm conseguido manter acesa a chama da vela da sabedoria jacksoniana. Tão moderno quanto tantos que aí estão e ainda virão.


BIOGRAFIA

Herdeiro dos ritmos


Quando Jackson nasceu, em 31 de agosto de 1919, no antigo Engenho Tanque , Alagoa Grande, na Paraíba, era considerada a “Rainha do Brejo”. Por lá, ele teve os rudimentos do coco da mãe, Flora Mourão, e do ambiente musical da região, dos cantadores de feira aos pianos, dos ritmos afros da Caiana dos Crioulos ao refinamento dos saraus promovidos no Teatro Santa Ignez. O ator norte-americano de filmes de faroeste, Jack Perrin, inspirou os trejeitos e o apelido do menino criado solto, tendo como compromisso ajudar o pai, o oleiro José Gomes, e acompanhar as peripécias sonoras da mestra por sítios, feiras, povoados e por onde houvesse um forrobodó à base do coco, ciranda, maracatu, embolada, cantoria, entre outros gêneros musicais e coreográficos. Com a morte prematura do pai, a família decide partir para Campina Grande, onde Flora, Zé Jack, Severina (Briba) e João (Tinda), traçam um novo desenho para suas vidas, antes fadada ao anônimo infortúnio reservado a milhões de nordestinos. A música mudaria seus destinos.

Lapidando os dons

Os anos vividos em Campina Grande e João Pessoa, entre 1930 e 1948, serviram para Jackson aperfeiçoar seu dom natural, convivendo com outros formatos sonoros e instrumentos musicais. Freqüentando “casas de recursos”, difusoras, feiras e emissoras de rádio, o então já conhecido Jack do Pandeiro tocou bateria e firmou-se como pandeirista. O Cassino Eldorado, em Campina, e a Rádio Tabajara, na capital, foram suas duas grandes escolas. Nesse período também descobriu seus dotes cênicos e coreográficos, como o palhaço “Parafuso”, dos pastoris do bairro de Zé Pinheiro, e como o irreverente “Café”, da dupla “Café com Leite”, formada, inicialmente, com o cunhado Zé Lacerda e depois com o compositor Rosil Cavalcanti. No campo pessoal, foi uma fase conturbada. Casa e separa-se de Maria da Penha, filha de uma prostituta, perde a mãe venerada e passa a sustentar a família com dificuldades. Mas sua perícia com o instrumento que lhe deu fama e a estranha e afinadíssima característica vocal desperta a atenção do maestro Nôzinho, que o convida a integrar o elenco musical da novíssima Rádio Jornal do Comércio, em Recife. De lá, sairia para o estrelato.

De Pernambuco para o mundo

Antes mesmo de gravar seu primeiro disco, Jackson conheceu a consagração ao participar de uma revista carnavalesca (”A Pisada É Essa”) da Rádio Jornal do Comércio, em fevereiro de 1953, cantando o coco “Sebastiana”, de Rosil Cavalcanti. A música vira uma coqueluche e leva o então representante da Gravadora Copacabana, o também compositor Genival Macedo (autor de “Meu Sublime Torrão”), a propor contrato de exclusividade ao dono daquela esquisita, mas envolvente voz. Em novembro de 1953, é lançado para todo o Brasil o primeiro disco de um acervo de 137, envolvendo mais de 400 canções. “Forró em Limoeiro”, de Edgar Ferreira, e a já famosa entre os pernambucanos, “Sebastiana”, são as escolhidas para a estréia discográfica. O sucesso se repete nacionalmente, enquanto o ritmista mantém-se em Recife, com medo de viajar de avião. Por exigência contratual, vê-se obrigado a seguir – de navio – o mesmo caminho trilhado por outros nomes da música nordestina, o Rio de Janeiro. Chega como uma estrela, que nunca se apagaria.

Rei coroado

Em 1954, ao lado da parceira e futura esposa Almira Castilho, Jackson desembarca no Rio de Janeiro para ficar alguns dias promovendo seus primeiros lançamentos, mas passa meses. Todos queriam conhecer e ouvir o intérprete de “Sebastiana”. São Paulo também reivindica atenções, como de resto outras capitais do país. Estava na hora de morar em um grande centro. Depois de serem surrados em uma festa de grã-finos em Recife, já casados, a dupla muda-se definitivamente para a então capital da República, em 1955. Alguns discos depois e já com o nome consolidado, Jackson é “coroado” em disco. “Sua majestade, o Rei do Ritmo” é o reconhecimento a um nordestino que, ao lado de Luiz Gonzaga e João do Vale, conseguiu impor respeito e implantar um estilo que vinga até hoje, cinqüenta anos após o lançamento do seu primeiro disco. Até 1967, quando se separa da esposa e parceira, José Gomes Filho vive os momentos mais esfuziantes de sua vida, alcançando o ápice de sua carreira, que, ao lado de outras estrelas, sofreria profundos reveses a partir de então.

A Corte

A partir da Jovem Guarda e da ampliação dos espaços para a música internacional, principalmente o rock e o pop, a música nordestina, reunida sob o amplo manto do forró, vai perdendo sua força no mercado discográfico, mas resistindo fortemente pelo interior do Brasil. Jackson, Luiz Gonzaga, Marinês, Trio Nordestino, entre tantos outros intérpretes e grupos, passam a sobreviver com shows em praças, feiras, circos e em outros locais menos “glamorosos”, mas cuja sintonia ajudou a preservar o gênero até os dias atuais. Nesse período, Jackson conseguiu manter, ao lado do radialista Adelzon Alves, um programa só de forró, nas madrugadas das quartas-feiras da Rádio Globo, atraindo todo esse universo musical “órfão”, contribuindo decisivamente para o fortalecimento de artistas consolidados ou iniciantes. Por essa época, respeitado no meio, recebe o apelido de “O Velho”. Com seu apoio, nomes como Genival Lacerda, Antônio Barros, Bezerra da Silva, Anastácia, Jacinto Silva, Elino Julião e inúmeros outros conseguem mostrar a arte imortal do Nordeste.

Fonte: http://jacksondopandeiro.com.br/?cat=8

DISCOGRAFIA

1955: Jackson do Pandeiro
1956:Forró do Jackson
1957:Jackson e Almira - Os Donos do Ritmo
1958:Forró do Jackson
1959:Jackson do Pandeiro
1960:Sua Majestade - o Rei do Ritmo
1960:Cantando de Norte a Sul
1961:Ritmo, Melodia e a Personalidade de Jackson do Pandeiro
1961:Mais Ritmo
1962:A Alegria da Casa
1962:...É Batucada!
1963:Forró do Zé Lagoa
1964:Tem Jabaculê
1964:Coisas Nossas
1965:...E Vamos Nós!
1966:O Cabra da Peste
1967:A Braza do Norte
1970:Aqui Tô Eu
1971:O Dono do Forró
1972:Sina de Cigarra
1973:Tem Mulher, Tô Lá
1974:Nossas Raízes
1975:A Tuba da Muié
1976:É Sucesso
1977:Um Nordestino Alegre
1978:Alegria Minha Gente
1980:São João Autêntico de Jackson do Pandeiro
1981:Isso é que é Forró!

VÍDEOS


Jackson do Pandeiro canta Sebastiana


Jackson do Pandeiro e João do Vale - o canto da ema


Jackson do Pandeiro - Cine Acervo Origens


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